Estamos novamente na época de Natal, tudo lindamente decorado, e as vitrines das lojas repletas de enfeites natalinos, alguns automatizados.
Parei em frente a uma loja cuja vitrine exibia gnomos dançantes, e comecei a pensar qual seria a ligação daquela cena com a maravilhosa época do Natal. Decorar uma vitrine com essa cena para comemorar o nascimento de Cristo, o filho de Deus! Fiquei pensamento por que razão o gerente da loja não escolheu um lindo presépio, que poderia evocar sentimentos positivos nas pessoas. Por que colocar aquelas besteiras na vitrine? Um monte de gnomos dançando e tocando cornetinhas feito uns bobos!
Então pensei na cena em Belém. Talvez o ser humano não revelaria à humanidade o grandioso Deus da mesma forma. Ele não optaria por mostrar Deus ao mundo ou fundar um grande movimento como o cristianismo dessa mesma maneira.
Em pé em frente à loja, refletindo nisso tudo, cheguei à conclusão de que eles jamais pensariam em escolher um bebezinho, uma manjedoura, e a bancada de trabalho de um carpinteiro. Isso vai totalmente contra a mente carnal. Seria um golpe no orgulho do homem. Não seria a maneira que ele escolheria para demonstrar o poder e força de um Deus poderoso. Ele diz na Sua Palavra: “Pois os meus pensamentos não são os pensamentos de vocês, nem os seus caminhos são os meus caminhos”, declara o Senhor. “Assim como os céus são mais altos do que a terra, também os meus caminhos são mais altos do que os seus caminhos e os meus pensamentos mais altos do que os seus pensamentos.”[1] Pensei então em 1 Coríntios 1:27, onde a Palavra de Deus diz: “Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes”.
Certamente, com o nascimento do Seu Filho dessa forma maravilhosa em Belém Deus envergonhou os fortes. Ele demonstrou que pode agir de maneira contrária à lógica e à expectativa natural.
Quando Deus quis Se manifestar, Ele escolheu um bebezinho frágil na forma humana. Ele nos revelou essa gloriosa verdade da Sua maneira. E ali, pensando em tudo isso, fiquei curiosa por saber qual a lição que eu poderia aprender. — Que Deus escolhe as coisas loucas para confundir as fortes? Sim. Mas em Isaías 27:5 Deus diz: “Se apodere da minha força.” E em Isaías 49:5 diz: “O meu Deus será a minha força.”
No passado a humanidade se esqueceu que Ele deu a vitória à minoria para aprendermos a lição de que sem Ele nada podemos fazer.[2] Achamos que, se formos fortes, certamente venceremos, e as leis que regem o plano celestial nos parecem tão tolas! Mas quantas e quantas vezes Deus já não deu a vitória à minoria para demonstrar a verdade da Sua Palavra que, quando somos fracos, então somos fortes! Como alguém expressou lindamente: “Um com Deus é a maioria.”
Deus e um bebezinho podem transformar o coração do ser humano e mudar a geografia do mundo. Quando Deus atua, Ele usa uma pedrinha de nada para matar um gigante e demonstrar que, se Deus está participando, não é preciso muita coisa. Por isso, o cristão que tem sabedoria pode afirmar: Eu não tenho forças, não consigo fazer isso tudo sozinho; mas tenho a força e a ajuda de Deus.” E essa dependência total de Deus, a sua incapacidade, fazem o Senhor agir em seu favor. Ele virá com reforço celestial para apoiá-lo com todos os recursos disponíveis no céu, e então cumprir as Escrituras: “A minha força se aperfeiçoa na sua fraqueza.”
Na pressão da rotina diária, devemos nos lembrar que, viver na presença de Deus e conviver com o Senhor Jesus diariamente é o que vai transformar o coração e a alma. Mas, por algum motivo, a meditação se tornou uma arte esquecida na correria em que vive esta geração. E essa correria fica ainda mais acelerada na época do Natal, a época de compras. Alguns só param para desfrutar depois do Natal, quando então caem na cama e suspiram: “Graças a Deus passou.” Que lástima!
Por que não parar e desfrutar do Natal, desfrutar de verdade! Desfrutar da beleza da época, parar e deixar de se esforçar tanto. O Natal nos oferece coisas maravilhosas e lindas. É uma vergonha perder tudo isso só para cumprir a expectativa de alguns ou tentar acompanhar os outros, embrulhando isto e aquilo, e correndo até o último minuto para comprar isto e aquilo, e preparar um monte de comida.
Nessa correria nós deixamos o Senhor de lado. Diz no Salmo 16: “Sempre tenho o Senhor diante de mim. Com ele à minha direita, não serei abalado.”[3] Ele está próximo. Está à nossa direita. Está a um pulo. Mas jamais O veremos se estivermos ocupados demais para reparar nEle. E, na correria das compras de Natal nós nem percebemos a Sua presença.
Não conseguiremos ouvir a voz do Senhor, pois ela só pode ser ouvida no sossego, quando esperamos nEle em silêncio, quando temos tempo para discernir a Sua voz entre tantas outras ao nosso redor. É uma voz mansa e delicada que geralmente não é possível ouvir quando estamos com pressa.
Diz o ditado que “é impossível ver o orvalho numa noite chuvosa”. Assim também a doçura da presença de Cristo raramente é percebida por pessoas agitadas que vivem no corre-corre. Mas o orvalho do céu e as melhores bênçãos repousam na alma que fica sossegada esperando na presença de Deus.
O Senhor deve estar agora lá nos shoppings movimentados de braços abertos dizendo: “Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus”, e aquele outro versículo maravilhoso que citamos tantas vezes: “No sossego e na confiança estará a vossa força.”[4]
Meu amigo, escute o que lhe digo, sem um relacionamento com o majestoso Cristo, a vida será uma constante correria, agitação e atividades. Só Ele pode dar paz e sossego ao coração inquieto. Basta parar e deixá-lO fazer isso.
Querido Senhor, eu quero cada dia
Dividir algo Contigo
Sentar-me a Teus pés
queridos,
E Te ouvir falar comigo.
Quero um lugar onde possa deixar
Os pesos e cuidados da vida,
E
obter a força necessária
Para espantar tempestade e conflitos.
Um lugar sossegado, santo e
secreto
Onde podes me dar
A bênção que preciso.
Nesse lugar eu descansaria e viveria.
—“Trysting Place”, de Martha Grenfell
Deus o abençoe e guarde, e resplandeça a Sua face sobre você este Natal e sempre.
Publicado no Âncora em dezembro de 2015.