Nos relatos do Antigo Testamento, o Espírito de Deus geralmente não ficava permanentemente com as pessoas. A partir da morte, ressurreição e ascensão de Jesus, isso mudou radicalmente. No dia de Pentecostes, o Espírito Santo entrou na vida dos indivíduos, crentes, revestiu-os de poder e permaneceu com eles.
O Evangelho segundo Lucas explica que Jesus contou aos Seus discípulos que enviaria a promessa do Pai para eles. No Livro dos Atos, Jesus afirma que essa promessa era a vinda do Espírito Santo e que seriam revestidos de poder quando recebessem o Espírito.[1]
Esse impressionante evento aconteceu dez dias depois, na Festa das Colheitas, conhecida em hebraico como Shavuot e para os judeus gregos por Pentecostes, termo que se deve ao fato de cair no 50º dia após a Páscoa dos judeus. A Shavuot celebra a época do ano em que os primeiros frutos (primícias) eram colhidos e trazidos ao Templo, e comemora quando a Torá foi dada no Monte Sinai.
A crucificação de Jesus ocorreu pouco antes da Páscoa dos judeus, e o Espírito Santo foi derramado 50 dias depois do Dia de Pentecostes. Como era uma das principais festas judaicas, havia judeus e convertidos ao judaísmo de todo o mundo em Jerusalém.
O Livro dos Atos conta o que aconteceu nesse evento tão marcante:
Cumprindo-se o dia de Pentecoste, estavam todos [os discípulos] reunidos no mesmo lugar. De repente, veio do céu um som, como de um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam assentados. E viram línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles. Todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem.—Atos 2:1–4
Conforme havia sido prometido, o Espírito de Deus foi derramado sobre os discípulos, que receberam imediatamente o poder que deu início à sua missão de alcançar o mundo com o Evangelho.[2]
Há cinco outros relatos no Livro dos Atos de crentes sendo batizados com o Espírito Santo. Algumas dessas passagens falam de um preenchimento inicial e outras dão conta do batismo subsequente daqueles que já haviam recebido o Espírito Santo.
Quando Pedro e João estavam a caminho do Templo, curaram um coxo, atraindo uma grande multidão para a qual Pedro pregou, o que resultou na conversão de cinco mil pessoas. Pedro e João foram presos, interrogados e ameaçados por seu sogro, pelo sumo sacerdote e outras autoridades religiosas. Depois de se reunirem com os outros crentes e lhes contarem o que acontecera, todos se regozijaram em oração com eles. “Enquanto oravam, moveu-se o lugar em que estavam reunidos. E todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus.”[3]
Esses são crentes, pessoas salvas que haviam recebido previamente o Espírito Santo, sendo preenchidas novamente com o Espírito, que lhes concedeu poder adicional para continuar testificando com ousadia.
Outro relato que dá conta de crentes que receberam o Espírito é o que trata do ocorrido após o martírio de Estevão. Os crentes em Jerusalém enfrentaram forte perseguição na época, inclusive a perpetrada por Saulo que, posteriormente se tornaria o apóstolo Paulo. Felipe, que estava dentre os escolhidos para diácono, saiu de Jerusalém e foi para Samaria.[4] Ele pregou o Evangelho, expulsou espíritos imundos e curou pessoas que eram paralíticas ou de alguma outra forma deficientes. Isso resultou em muito júbilo, e em homens e mulheres sendo batizados.[5]
Os judeus não consideravam os samaritanos judeus, pois eram descendentes das dez tribos de Israel que foram derrotadas e forçadas a ir para outras terras pelos assírios, havia 700 anos. Os assírios trouxeram outros povos para povoar a terra, os quais se casaram com o remanescente dos judeus em Samaria. Por isso, os samaritanos não eram considerados judeus puros. Até aquele momento, os discípulos haviam ministrado somente para outros judeus. Quando os apóstolos ouviram que os samaritanos haviam se tornado crentes, enviaram Pedro e João para verificar a situação. Durante essa visita, aqueles recém convertidos receberam o Espírito Santo.[6]
Nessa situação, os não judeus que se converteram não haviam recebido o Espírito Santo, o que aconteceu quando os apóstolos lhes impuseram as mãos.
No exemplo seguinte, lemos sobre o Espírito Santo ser dado a Saulo, o perseguidor da Igreja Primitiva, depois de ser confrontado por uma luz vinda do céu. Jesus falou a Saulo e lhe perguntou por que O perseguia. Saulo ficou cego e, seguindo as instruções de Jesus, passou três dias em Damasco.[7]
O Senhor falou a um discípulo chamado Ananias, dizendo-lhe para ir à casa de Judas, na rua chamada Direita, onde encontraria Saulo. Ananias se mostrou preocupado, porque sabia que aquele homem estava perseguindo os cristãos, mas lhe foi dito que Saulo era um instrumento escolhido que levaria o nome de Jesus para os gentios (qualquer um que não fosse judeu), para reis e para os filhos de Israel. Ananias obedeceu às instruções.[8]
Nesse caso um inimigo dos cristãos se converte e é batizado com o Espírito Santo quando um discípulo impõe as mãos sobre ele. Nos versículos 1 a 16 do capítulo 10 dos Atos dos Apóstolos, lemos que Pedro teve uma visão três vezes, na qual lhe apareceram animais, répteis e pássaros, os quais, segundo as Leis de Moisés eram impuros e não deveriam ser comidos. Nessa experiência, também ouve uma voz que lhe diz para matar e comer as criaturas. Pedro protesta, mas lhe é dito: “Não chame impuro ao que Deus purificou.”
Imediatamente depois que Pedro teve essas visões, chegaram alguns homens —enviados por Cornélio, um centurião romano temente a Deus. Se um judeu entrasse na casa de um não-judeu, ficaria impuro do ponto de vista ritual, de forma que, pela lei, Pedro não poderia entrar na casa de Cornélio. Contudo, por causa da visão, Pedro entendeu que Deus lhe havia revelado que deveria ir, pois o “impuro” deveria ser considerado puro. Então foi, entrou na casa de Cornélio e compartilhou as boas novas de que Jesus e o Espírito Santo estavam à disposição de todos naquela casa que recebessem a mensagem.
Cornélio e os demais —todos gentios— acreditaram na mensagem de Pedro e, consequentemente, receberam o dom do Espírito Santo.[9] Nessa ocasião, os gentios foram batizados no momento em que acreditaram em Jesus.
O quinto relato de pessoas sendo batizadas com o Espírito Santo envolve doze discípulos de João em Éfeso.
Quando o Apóstolo Paulo chegou à cidade e encontrou alguns discípulos de João Batista, perguntou-lhes se haviam recebido o Espírito Santo.
Quando ouviram isto, foram batizados em nome do Senhor Jesus. Impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo, e falavam em línguas, e profetizavam. E eram ao todo uns doze homens.—Atos 19:1–7
Essas passagens no Livro de Atos contam sobre o Espírito sendo concedido em várias situações para diferentes pessoas: judeus e gentios; velhos e jovens; homens e mulheres; mestres e servos. Sem dúvida, na casa de Cornélio, no grupo de crentes com o qual Pedro e João orou, dentre os 120 no cenáculo, havia mulheres e homens, servos, pessoas de todas as idades, como predisse o profeta Joel.[10]
O derramamento do Espírito de Deus sobre pessoas comuns não é algo que se limitou à Igreja Primitiva. Desde então, o Espírito de Deus tem sido recebido por inúmeros crentes ao longo dos séculos. Em contraste com a presença do Espírito em apenas algumas pessoas, desde o Dia de Pentecostes, o Espírito tem sido derramado sobre todos os crentes, em cumprimento da linda “promessa do Pai.”
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