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Sal e Luz

Sal e Luz

Peter Amsterdam

Jesus iniciou o Sermão da Montanha com as Bem-aventuranças, as quais oferecem uma visão geral de como Seus seguidores devem praticar sua fé. A partir daí, detalhou esses princípios.

O primeiro que encontramos é: “Vós sois o sal da terra. Mas se o sal se tornar insípido, com que se há de salgar? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte. Nem se acende uma lâmpada e se coloca debaixo de uma vasilha, mas no candelabro, e ilumina a todos os que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”1

Na Antiguidade, o sal era muito mais importante do que é hoje. A Lei Mosaica exigia que os sacrifícios feitos no Templo contivessem sal, os soldados romanos recebiam parte do soldo em sal. Uma pequena quantidade de sal adicionada à comida tem efeito em todo o prato, realçando o seu sabor. O verdadeiro seguidor de Jesus reflete os atributos citados nas Bem-aventuranças e em todo o Sermão da Montanha e influencia outros para melhor. Dessa forma, aqueles que O seguem são como “sal”, que realça o sabor de todos ao seu redor.

No mundo antigo, o sal era usado para a preservação de alimentos, especialmente peixes e carnes, para que não se estragassem. A vida dos crentes pode e deve influenciar indivíduos e sociedades para a preservação dos bons valores e para combater os que as Escrituras classificam como contrários aos ensinamentos de Deus. Os cristãos devem, do ponto de vista moral e espiritual, ser uma força positiva no mundo pelo nosso exemplo de praticar os ensinamentos de Jesus, fazendo o que estiver ao nosso alcance para sermos como Ele e compartilhando com outros as boas novas da salvação.

O sal puro (cloreto de sódio) não perde sua capacidade de salgar. Contudo, não era comum o sal ser puro nos dias de Jesus, pois não havia refinarias. O Mar Morto era a principal fonte de sal para a Palestina, um produto bem mais semelhante ao pó do que o que temos atualmente, e naturalmente misturado com outros minerais. Por ser a parte mais solúvel da mistura, podia ser separado com água ou era exposto à condensação ou à água da chuva, para que fosse dissolvido e removido; e quando isso acontecia, apesar de manter sua coloração branca, não tinha gosto nem suas propriedades para a conservação de alimentos, ficando assim sem nenhuma utilidade. Como o sal insípido, os discípulos que carecem de verdadeiro compromisso com o discipulado perdem sua efetividade.

Jesus então usou outra metáfora para ensinar que a vida do discípulo tem o propósito de iluminar o mundo ao seu redor e que os discípulos cujas vidas não revelam as obras do Pai são como luzes que não são vistas. O mundo precisa da luz de Jesus, e Seus discípulos precisam ser visíveis, como uma cidade sobre um monte — que pode ser claramente vista de longe durante o dia e também à noite, por causa de suas luzes.

Jesus também falou de uma lâmpada que ilumina uma casa. A casa típica de um camponês em Israel tinha apenas um cômodo, de modo que bastava uma candeia para que fosse totalmente iluminada. Uma luminária doméstica desse tipo costumava se constituir de um vaso de óleo com pouca profundidade com um pavio. De um modo geral, era uma peça estacionária, colocada em um suporte. Jesus ensina que as pessoas que colocam a lâmpada em um candelabro iluminam toda a casa e que não se deve deixar a lâmpada debaixo de uma vasilha. Essa vasilha ou cesto, como aparece em algumas versões, era um recipiente com capacidade de nove litros, usado para medir grão, feito de cerâmica ou junco. Cobrir uma lâmpada com uma peça dessas bloquearia a luz completamente e, depois de um tempo, a apagaria.

Para realizar seu propósito de iluminar, uma lâmpada precisa estar visível. Cobri-la seria absurdo, pois iria contra a utilidade da luminária. Para ser efetivo, o cristão deve viver de forma a permitir que os outros saibam que ele é cristão, que vejam como é viver em harmonia com os ensinamentos de Jesus. Da mesma forma que uma cidade edificada sobre um monte é facilmente vista e uma lâmpada ilumina uma casa inteira, devemos ser a luz que vem de Deus para aqueles com quem interagimos.

Em outra parte do Sermão da Montanha, a instrução de Jesus aos Seus discípulos para que não permitam que sejam vistos realizando boas obras pode, em um primeiro momento, parecer em conflito com o que lemos na passagem anterior: “Resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.”

Na prática de nossa fé, devemos fazer tudo ao nosso alcance para refletir Deus — sendo amorosos, misericordiosos e compassivos em nossas ações; ajudando os outros, fazendo doações aos que precisam, etc. Contudo, nossa meta deve ser glorificar a Deus, não a nós. Nosso propósito quando ajudamos os outros e praticamos os ensinamentos de Jesus precisa ser nosso compromisso de amar Deus e o próximo como a nós mesmos. É parte do que somos enquanto cristãos, pois nosso propósito é viver de maneira a glorificar a Deus. Como nos tornamos parte da família de Deus e Ele nosso Pai, refletimos Seus atributos.

Ser um seguidor de Jesus e Seus ensinamentos nos separa do mundo. Como Jesus disse: “Não sois do mundo, antes, dele vos escolhi”2. O apóstolo Pedro expressou esse princípio da seguinte maneira: “Outrora éreis trevas, mas agora sois luz no Senhor. Andai como filhos da luz (pois o fruto da luz consiste em toda a bondade, e justiça e verdade)”.3

Os discípulos de Jesus são a luz do mundo. Como uma cidade edificada sobre um monte que não pode ser escondida, como uma lâmpada que ilumina a todos na casa, somos chamados para deixar a luz que está em nós brilhar de uma maneira que os outros a possam ver, para que glorifiquem a Deus. Devemos refletir a luz de Deus no nosso mundo para iluminar o caminho que leva a Ele. É parte da descrição de função do crente.

A vocação do cristão é ser o sal da terra e a luz do mundo. Para sermos efetivos e leais a esse chamado, devemos permanecer “salgados” e não deixar nossa luz ser coberta. Do contrário, perderemos a efetividade, como o sal que se tornou insípido e a luz que não chega a ninguém. Nosso compromisso enquanto seguidores de Jesus é praticar Seus ensinamentos para que a luz que existe em nós brilhe diante dos outros, para que vejam nossas boas obras, nossas ações amorosas, como nos orientamos pelo amor de Deus, e o Seu reflexo em nós. A esperança é que queiram saber o que nos faz ser como somos, que isso abra a porta para lhes falarmos do amor de Deus por eles e os leve a ter um relacionamento com Ele e glorificar Deus ainda mais.

Que cada um de nós seja de fato o sal da terra e a luz do mundo.

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Notas de rodapé

1 Mateus 5:13–16

2 João 15:19

3 Efésios 5:8–9