Envergonho-me de admitir, mas quando estava na linha de frente do mundo dos negócios (sou um empresário aposentado, na casa dos 70), acreditava que o dinheiro fosse tudo. Quando minha esposa se queixava da falta de amor no nosso casamento, eu esbravejava e dizia que o amor não colocaria comida na mesa. Para mim, as coisas materiais eram tudo, não acreditava em Deus nem em milagres.
Isso mudou gradualmente depois que comecei a aprender sobre a Bíblia. Durante os estudos bíblicos que fiz com os membros da Família Internacional, aprendi sobre o sistema econômico de Deus, fundamentado no amor e na partilha —muito diferente do materialismo do tipo “eu primeiro” que orientara minhas decisões até então. Também descobri que estamos vivendo no Tempo do Fim, aprendi sobre o iminente colapso da economia mundial e isso me ajudou a passar a viver menos para as coisas materiais.
Esta é a história da construção de um condomínio que estava entre esses bens materiais.
Em 1985, a economia do Japão estava em crescimento acelerado. Minha esposa e eu havíamos começado a ajudar financeiramente o trabalho voluntário da Família para o qual fizéramos nossa primeira doação substancial. Ao mesmo tempo em que não estávamos fazendo isso para sermos abençoados, eu estava curioso para descobrir se a promessa de Jesus “dai e ser-vos-á dado” podia ser levada ao pé da letra.
Apenas uma semana depois, minha empresa vendeu um terreno que estava encalhado havia anos, mas não fiquei convencido que o negócio tivesse sido uma bênção de Deus pela ajuda que dei ao Seu trabalho. Atribui a uma possível coincidência.
Depois disso, começou a surgir uma segunda bênção, envolvendo um condomínio que eu estava construindo.
Meu banco me apresentou ao dono de uma construtora, a qual contratei para fazer os projetos para a construção do condomínio. Excessivamente ansioso para começar a obra, esse empresário pediu um alvará de construção antes que eu aprovasse seu projeto —e eu não aprovei. Achei o conceito arquitetônico simplório e, como não chegamos a um acordo, procurei outra construtora. O banco passou a agir como intermediário das negociações e ficou acordado que a obra seria executada pelas duas empresas. O problema foi resolvido, mas com um atraso de três meses.
Quando o projeto fora proposto, a lei determinava que eu teria de pagar 100 milhões de yens (cerca de 2 milhões de reais) para o fundo de planejamento urbano, mas, nesse período de indefinição, a legislação mudou. Sob a nova lei, somente condomínios com mais de 40 unidades estavam sujeitos à taxa. Como o meu contava apenas 37, não tive de pagar os 100 milhões de yens!
Mas a história não termina aí. Tão logo descobri que o governo se preparava para, a partir de abril, aumentar a tributação sobre condomínios, fiquei muito chateado comigo mesmo pela minha lentidão em começar o projeto, mas o erro do primeiro construtor de solicitar o alvará foi para o bem, pois recebi a aprovação para construir em março. Se não fosse por isso, a carga tributária sobre a obra seria muito maior.
O Senhor me abençoou nas duas situações. Quando paro para pensar, concluo que foi o resultado de minha esposa e eu estarmos ajudando o trabalho do Senhor da maneira que podíamos.
Depois de quatro ou cinco anos, comecei a me sentir desconfortável com respeito ao meu futuro como administrador de um condomínio, então vendi o empreendimento por um valor aparentemente baixo. Mas, como foi durante um pico econômico, meu lucro foi, mesmo assim, elevado, e proporcionou os meios para eu me aposentar e antecipar minha saída do mundo dos negócios. Dois anos depois, a economia desacelerou. Vendi na hora certa!
Esses acontecimentos me ensinaram a reconhecer a presença de Deus na minha vida. Pude também entender que quando trabalhamos em sociedade com o Senhor, Ele nos guia e abençoa.
A Bíblia promete que Deus nos recompensará por darmos ao Seu trabalho, mas jamais imaginei que receberia um retorno tão elevado, tanto no aspecto financeiro quanto no espiritual, por ter começado a dar um pouco no início e depois mais e mais, continuamente. Fico maravilhado e muito agradecido quando olho para trás.
Masataro Narita é membro da Família Internacional, no Japão.