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O Poder de um Folheto

David Lykins
Irlanda

Durante os anos 90 eu morava em São Petersburgo, Rússia. Foi uma época muito tumultuada naquela grande nação. Estava lá como missionário e trabalhava para a Cruz Vermelha Internacional como coordenador de projetos, minha função era trabalhar em prisões para homens e garotos de 14 a 18 anos, que cumpriam penas de dois a quatros anos de prisão.

Tinha um apartamento grande para os padrões russos, uma relíquia da era pré-revolução. O local também servia como uma base para outros missionários que estavam de passagem, voltando ou chegando do Ocidente. Sendo assim, eu frequentemente estava em uma das cinco estações de trem recebendo ou me despedindo de alguém.

Como não era raro o trem atrasar, costumava distribuir folhetos do Evangelho para a multidão que lá se reunia enquanto aguardava. Muitas vezes, perguntava às pessoas de onde vinham pois ouvia tantos idiomas diferentes. Isso era comum, pois na antiga União Soviética, nações desde as fronteiras com China e com a Índia estavam politicamente e linguisticamente unidas e russo era o idioma comum a todos.

Era fácil distribuir 400 a 500 folhetos em uma hora, e era a quantidade que eu costumava levar para a estação. Sempre encerrava minhas atividades orando pelas pessoas que haviam recebido os folhetos. Quando os entregava, sorria e dizia "Deus te abençoe", certo de que as sementes plantadas algum dia dariam fruto.

"Assim como desce a chuva e a neve dos céus, e para lá não torna, mas rega a terra, e a faz produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come, assim será a palavra que sair da minha boca: Ela não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz, e prosperará naquilo para que a enviei." (Isaías 55:10,11).

Toda literatura distribuída continha um endereço no verso para o qual as pessoas podiam escrever e solicitar outros exemplares. Um dia recebi uma carta que dizia o seguinte:

“Algumas semanas atrás, eu estava na estação de trem de São Petersburgo. Enquanto aguardava um estranho me entregou um folheto e para não ser mal educado aceitei. Estava viajando de volta para meu país, Tajiquistão, para o vilarejo onde moro na área rural. São oito dias de viagem. Após viajar alguns dias tirei o papel do bolso, o título diz ‘Alguém te Ama’. Falava de Deus e de Seu grande amor em nos enviar Jesus, e no final da mensagem havia uma oração a qual fiz.

Algo aconteceu comigo e conheci o maravilhoso Jesus. Minha vida se encheu de alegria e me senti puro e feliz. Quando cheguei ao vilarejo, contei para todos do maravilho Jesus que eu acabara de conhecer. Meus amigos e família viram minha mudança e muitos de eles também fizeram a oração. Logo metade do vilarejo passou a conhecer o maravilhoso Jesus. Nenhum de nós jamais havia ouvido falar de Jesus, mas lemos este papel que fala sobre a Bíblia. Você poderia, por favor, nos enviar uma Bíblia e alguém para nos ensinar sobre Jesus?”

Ao ler isso, chorei de alegria ao ver quão longe a mensagem havia chegado e como um folheto tão simples pode ter um efeito tão grande.

Mas eu não estava surpreso. Muitos anos atrás havia outro homem desiludido e desencorajado, que devido a decisões erradas e decepções, havia como o filho pródigo da Bíblia, desperdiçado sua vida vivendo dissolutamente e de forma egoísta até começar a sentir grande dificuldade, desesperado por sua vida. E um dia recebeu por correspondência um simples folheto do Evangelho, de uma pessoa a qual ele não conhecia, mas que ficou sabendo de sua angustia e lhe escreveu uma carta para animá-lo e junto com ela um folheto.

Esse jovem leu o folheto e também fez aquela simples oração pedindo para Jesus entrar em seu coração e lhe dar uma nova vida —e algo muito maravilhoso e transformador aconteceu. Ele ficou cheio de amor, alegria e um sentimento de propósito e uma nova vida se abriu para ele. Como a história na Bíblia, ele também encontrou o amor e perdão do Pai e foi recebido de braços abertos.

Eu era esse jovem e, desde então, jamais duvidei do poder de um simples folheto, entregue com um sorriso e oração, para efetuar grandes mudanças.